Qual o lugar da leveza da vida?

Quando penso em sutileza e leveza, surge a imagem de uma bailarina no seu voo, penso imediatamente o quanto de força, tenacidade e dedicação necessários para a conquista da leveza poética expressa pela coreografia da bailarina. Quem sabe, se para atingir o estado de leveza na vida, não sejam necessários a mesma dedicação e foco pelos quais se atinge a leveza da bailarina? O foco é sinônimo de estar consciente; presente no aqui e agora, onde todos os sentidos registram o momento presente; toda a entrega de viver o que está acontecendo na sua vida. Quase sempre a entrega é refém do controle. É grande a dificuldade de se abrir mão da ilusão de que controlamos a vida. O pior é que alguns pretensiosos ainda acham que podem controlar a vida outros! Acredito que uma das qualidades que poderíamos chamar de leveza é a sabedoria. Esta, tão identificada nos seres essencialmente espiritualizados, na maioria das vezes não corresponde com as manifestações de muitos líderes religiosos, inflados pela vaidade e poder de oprimir, discriminar e condenar os demais com base em dogmas religiosos na contra mão da lei do amor incondicional.

Ainda bem que existem aqueles que vivem na meditação, na humildade… Aqueles que detém os conhecimentos sagrados e são regidos pelo amor ao semelhante e a todos os seres vivos do planeta. Não consigo conceber a leveza sem estar conectada com a paz. Poderíamos associar a paz como “a alma” do estado da leveza; a energia mais sútil alcançada na sensação de se estar leve. Com isso, concluo-o que a fonte da leveza é a paz.   

A paz precisa do palco do silêncio, onde os ruídos da casa interior estão confinados num ponto distante. Para alguns, o mais difícil, é abraçar a solidão de nascença, pela qual todos nós somos colocados no mundo e sairemos dele sozinhos. Morreremos sozinhos. Para a maioria é um tabu vivenciar a solidão. A fuga da solidão é tão íntima como a fuga da vida, da morte, da essência do que ser é de verdade. Como equilibrar no cotidiano a complexidade de Ser simples, na logística do mundo dos excessos e exibicionismos? Nada fácil. Em algumas situações é como se fosse impossível, e poucos conhecem a paz interior; isto dificulta a escolha na dosagem certa de momentos reclusos e compartilhamentos sociais. Uma grande maioria vive o tumulto interior, estando só, ou na multidão. Não buscam um caminho de pacificação interior, se medicam para controle dos efeitos e consequências do estado constante de agitação interior, decorrentes da ansiedade, da irritação, da insônia, e até mesmo dos medos e fobias causados pela depressão. Tornando-se dependentes de medicação de tarja preta, convivem com a estranheza sobre a sua identidade, essência e sua luz, seu DNA espiritual nesta viagem chamada Vida.

Suzete Brainer (Direitos autorais registrados).

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