Uma Vassoura Voadora

Fundo de dia das bruxas de bruxa voadora Vetor Premium

Mariana foi com a tia ao armazém do seu José. Enquanto sua tia escolhia todos os itens da sua lista de compras, a menina afastou-se e foi observar todos os modelos e cores de vassoura. No íntimo sabia que a tarefa de encontrar a vassoura voadora entre tantos modelos à mostra, era quase impossível. Entretanto, continuou a pousar os olhinhos encantadores de uma menina de cinco anos, com fome de magia, para enxergar a vassoura certa; aquela que promovesse a mágica do voo…

A tia, ao aproximar-se da menina, de nada desconfiou. Mas, percebendo a inquietação de Mariana, com olhar fixo sobre o mostruário de vassouras, ficou muito intrigada. Em certo momento viu que ela subia em algumas vassouras, a fazer um estanho “test dive” de vassouras, como se quisesse levantar voo em cima de alguma delas. A tia passou alguns minutos observando e analisando o comportamento da sobrinha antes de interrogá-la.

– Mari, o que você está querendo fazer com estas vassouras, sentando nelas?

– Estou testando, tia. Querendo descobrir a vassoura voadora.

–  Como assim? Não existe vassoura voadora!

–  Existe sim, são as vassouras das bruxas. Elas voam em cima de uma vassoura.

–  Não existem bruxas, portanto, não existem vassouras voadoras.

–  A vovó me contou uma historinha de João e Maria, nessa história tem a bruxa que usa a sua vassoura voadora.

–  Isso é uma fantasia. É apenas uma estorinha. Estas estorinhas não são verdadeiras. São inventadas. História verdadeira é a minha vida, a sua. Quando contamos uma estória inventada, usamos a imaginação. Na nossa língua portuguesa escrevemos com a letra E, porém, quando a história é real, escrevemos com a letra H.  Na história real não existem bruxas e nem vassouras voadoras, entendeu?

–  Entendi. Mas se em João e Maria escrever a história com “H”, será uma história verdadeira.  Eu acredito na história deles, tia. Acho melhor procurar a vassoura voadora!

A tia perplexa com a lógica e o poder argumentativo da sobrinha, resolveu não insistir, apenas respondeu:

–  Eu vou telefonar para a sua avó lhe ajudar a escolher a vassoura voadora. Afinal, foi ela quem lhe contou a estorinha, deve conhecer bem uma vassoura voadora entre tantas outras que não são.

Em poucos minutos, após o telefonema da tia, chega a avó que, conhecendo a racionalidade da filha, sabia do impasse estabelecido.

Célia, avó de Mariana, chega ocupando o lugar tão precioso de preservar a fantasia de uma criança. Futuramente, no mundo adulto, A avó sabia que todas as certezas sobre coisas mágicas que povoam o mundo das crianças, com o tempo seriam dissolvidas magicamente sem prejudicar o desenvolvimento das crianças.

– Mari, disse a avó, aqui está a sua vassoura voadora. Guarde-a com cuidado. Você só poderá voar nela quando for adulta e puder tirar a sua carteira de motorista. Somente meninas especiais como você tem uma vassoura voadora, por isso tem que manter este segredo.

A tia, sem palavras, observou tudo, e num entendimento silencioso, percebeu que a fantasia lhe fazia falta. Tanta falta, que a faz viver na crueza da realidade. Ah! Como seria bom ter uma vassoura para voar!… 

Suzete Brainer (Direitos autorais registrados).

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