
Ficamos num balé, dois passos meus de puro silêncio e um passo dela de graciosidade aérea. Numa proximidade de encantos os meus olhos fotografavam seus movimentos, sua plumagem, sua delicadeza trilhada numa liberdade partilhada comigo.
O solo, o arrecifes, com ondas finas e delicadas a nos tocar…
A música do mar nos isolava numa sintonia misteriosa e sagrada, que me dava à certeza, que estes momentos mágicos imprimem a poesia por dentro, a consagrar o milagre do encontro.
Foi quando disse mentalmente para ela, que não iria abusar deste tempo mágico concedido; pedi-lhe para quando voasse, me levasse junto. Ela entendeu o meu pedido, compreendendo os limites de quem não tem asas.
Distante, olhei para trás: encontro de olhares, e, ela voou e eu fechei os olhos. O meu pedido foi realizado.
Caminhei com uma garça nos meus olhos no decorrer dos dias…
Suzete Brainer (Direitos autorais registrados)